Um adolescente de 16 anos, apreendido na semana passada por policiais militares da Rondas Ostensivas Com Apoio de Motocicletas (ROCAM) e do 11º BPM, confessou ter participado dos assassinatos de dois policiais militares – crimes ocorridos no ano passado em São Gonçalo do Amarante, na Grande Natal. Contudo, o Movimento dos Policiais Antifascismo ainda cobra esclarecimentos.
As vítimas foram o sargento reformado Helton Cabral da Silva, de 42 anos, morto a tiros no dia 8 de abril, e o soldado João Maria Figueiredo da Silva, de 36 anos. Este último, morto no dia 21 de dezembro, fazia parte da equipe de segurança da recém-eleita governadora Fátima Bezerra (PT). Na época, ela cobrou uma "investigação séria e profunda".
Segundo a Polícia Civil, os casos estão sendo investigados por delegados da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que já estão com o depoimento do garoto. A apreensão do adolescente, no entanto, não significa que os crimes estão desvendados, até porque as investigações ainda apuram o envolvimento de outras pessoas nos dois assassinatos.
Motivação
Em nota enviada à imprensa nesta quarta-feira (10), o Movimento de Policiais Antifascismo agradeceu o trabalho realizado pela PM em colaboração com as investigações que apuram os homicídios do soldado Figueiredo – que era integrante do Movimento – e do sargento reformado Helton Cabral, mas também cobrou esclarecimentos quanto à motivação dos assassinatos.
“Ressaltamos que o trabalho realizado e o resultado por hora obtido estão em estreita comunhão com o que defendemos enquanto Movimento de Policiais Antifascismo, além de confirmar alguns nomes de suspeitos que ajudamos a levantar junto à Delegacia de Homicídios, poucos dias após a ocorrência”, destacou o cabo do Corpo de Bombeiros Militar Dalchem Viana, que faz parte do Movimento.
“A possibilidade de o crime não ter motivações políticas pode oferecer um conforto para a sociedade e ao Movimento. Embora vivamos tempos difíceis e a morte do colega Figueiredo tenha sido uma barbárie, alguns limites civilizacionais podem não ter sido transpostos, caso não seja realmente um crime de viés político. Não foi afirmado expressamente pelo movimento qual seria a motivação real do crime, mas sim, levantadas todas as hipóteses. O que deveria assombrar ou causar vergonha não seria uma descoberta da real motivação do crime (crime comum x crime político), mas a possibilidade, por si só, de este último ter acontecido, pois, João Maria Figueiredo, era ameaçado por alguns colegas de farda. Isso sim é motivo de constrangimento: operadores da segurança pública ameaçando até colegas, apenas e tão somente, por conta de suas opiniões políticas”, acrescentou Dalchem.
O Movimento encerrou a nota agradecendo mais uma vez a atuação de todos os envolvidos, destacando “a solidariedade de pessoas de dentro e fora do estado, e até de outros países”, e das instituições que lidaram diretamente com o caso, como os investigadores da DHPP e PMs.
“E reforçamos a nossa atuação e nossos ideais em busca de uma polícia que respeite mais os seus próprios quadros (especialmente a base, que é, inclusive, a que tomba), que seja mais eficiente e que se veja parte da sociedade. Ao Companheiro Figueiredo, onde quer que esteja, esperamos que tenha encontrado algum conforto. Você estará sempre em nossos pensamentos e ideais e não sossegaremos até que todo caso seja esclarecido e todos os envolvidos punidos”, concluiu.
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