O dia 23 de março é marcado como aniversário de emancipação política da cidade do Apodi, mas desde 2006, essa data passou a representar também a celebração da cultura e o resgate de personalidades, artistas e escritores da cidade com a criação da Academia Apodiense de Letras (AAPOL) que, neste ano, completa 15 anos. Apesar de ser constituída no formato das academias literárias tradicionais, a AAPOL optou pelo espírito vanguardista e assumiu papel de guardiã da memória das mentes trabalhadoras que ajudaram a construir a história cultural, educacional e política desse município tão antigo de nosso estado.

Idealizada pelo pesquisador e escritor Marcos Pinto, a AAPOL surgiu com o apoio de um grupo forte que, àquela época, estava concentrado em discutir o crescimento da cidade através de mobilizações políticas e culturais. Participaram do movimento o jornalista e escritor José de Paiva Rebouças (primeiro vice-presidente), Vilmaci Viana (atual presidente), Padre Pedro Neefes, Flaviano Monteiro, Genildo Souza, Caubi Torres, Dionísio do Apodi, Leylla Karla, Iza de Aceto Mota, Alaíres Dias de Freitas, Edivan Pinto, Maria Romana Leite, Maria do Socorro da Silveira Pinto, Raimunda Nonata da Silva Rêgo, Francisca Francina Mota, Ieda Silva e tantas outras pessoas que ajudaram a contar a história de Apodi em suas várias épocas.

Depois de um tempo forte e presente, uma série de problemas e desarticulação que durou alguns anos fez a AAPOL sucumbir. Em 2017, no entanto, voltou a respirar e ganhar novo lastro com a reorganização que conduziu a escritora Vilmaci Viana à presidência. Entusiásta, ela reorganizou a confraria inserindo nomes importantes da cultura apodiense como as escritoras e pesquisadoras Maria Auxiliadora Silva Maia (Dodora) e Mônica Freitas e a indígena Lúcia Paiacu Tabajara. Além disso, reestruturou a biblioteca, realizou alguns eventos e reinseriu a entidade nas atividades culturais e políticas da cidade. Por paixão à luta investiu, do próprio bolso, e doou uma sede à Academia, além de idealizar para essa luta um beco cultural em que a arte e a história de Apodi se encontram.

Desde então, a AAPOL deixou de funcionar precariamente numa sala emprestada da Casa de Cultura Popular do Apodi. Sua nova sede, situada à rua Padre Jonas Magno Pinto, 145, abriga o Museu do Livro de Apodi, Biblioteca José Leite, a Galeria dos patronos e acadêmicos da AAPOL e sediará a futura Editora Tapuia, ação que funcionará em parceria com outras editoras e órgãos de fomento para garantir a publicação de obras dos filhos do Apodi.

“Me sinto bastante honrada em ter vencido esse desafio. Muito feliz por ver nossa memória literária preservada. Quero deixar esse legado para as futuras gerações. A Academia Apodiense de Letras é a guardiã da memória histórica de Apodi. Minha gratidão a todos os acadêmicos que, junto comigo, construíram esse patrimônio cultural de Apodi”, destacou Vilmaci Viana.

Uma programação especial havia sido montado para comemorar o aniversário da AAPOL e também inaugurar a nova sede e Beco da Cultura no dia 22, mas a ação foi cancelada devido ao agravamento da crise sanitária no Brasil causada pela covid-19. Estavam previstas uma live com escritores, exposição do memoria em banner do ex-prefeito Valdemiro Pedro Viana, exposição de artes plásticas “Apodi dos Encantos” com trabalho dos artistas Marcos Leite, Talles Silva e Lizanias, exposição do acervo do Museu do Livro de Apodi e apresentação do Sarau Lítero Musical com o cordelista Janailson Cardoso e os poetas e poetisas da Academia Apodiense de Letras. “Esse evento será realizado em ocasião propícia e possível”, compeltou Vilmaci.

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